segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Como fica o amor nos tempos do (a) cólera?


O filme “O amor nos tempos do cólera” é a prova de que até a história mais piegas pode ser transformada no sentimento mais tocante nas mãos de um grande escritor ou de um grande diretor. Existe algo mais clichê do que falar de amor?

Adaptação de livro homônimo de Gabriel Garcia Marques, “Amor nos tempos do cólera” mistura o tom soturno e instigante de “Cem anos de solidão” com a eterna esperança de um Peten Pan. Esperança de quem sabe que vai ser criança para sempre, mas será a única criança eterna. Esperança de quem sabe que vai amar para sempre, mas que pode ser o único a sentir o amor eterno. E talvez não correspondido.

Personagens perdidamente apaixonados, mas impossibilitados de amar. Um romance impossível para nenhum “Romeu e Julieta” botar defeito. Tudo começa quando um jovem que trabalha no telégrafo, Florentino, se apaixona por uma moça – Firmina - filha de um vendedor de mulas que acabou de se mudar para a cidade, em Cartagena, na Espanha. O amor nasce à primeira vista, e os dois começam a trocar cartas proibidas cheias de poesia. Não vou estragar o desenrolar da trama com mais informações. É uma obra que merece ser vista, ou lida, e apreciada.

Florentino sofre de amor. O sentimento puro que arranca mais pedaços do que a guerra ou a epidemia de cólera que tanto matavam no mundo real. O tempo passa, as conjunturas se modificam, mas o amor permanece. E machuca.
O diretor Mike Newell leva a trama com maestria do início ao fim. Talvez pela vontade acumulada ao longo dos três anos que ele precisou até que Gabriel García Marques autorizasse a filmagem da história...

Por meio do sofrimento, o protagonista Florentino consegue mostrar a essência do amor. Do amor transcendental, que passa por todas as fases dentro da carne e fora dela. O amor que dói, que mata, que alegra, que ilude, que titubeia e, principalmente, que não tem fim. Ao mesmo tempo, o amor é humano e se esconde atrás das imperfeições do ser. E sem clichês ou pieguice.

Pena que a filmagem em inglês tire um pouco da intensidade da trama. Afinal, a história se passa em Cartagena e os diálogos naturais seriam em espanhol, o idioma da paixão e de García Marques.

Bom, em inglês, espanhol ou português, o nosso atual tempo repleto de cólera (sentimento) tem matado os bons momentos mais até que o cólera dos tempos do filme. E o amor, sobreviverá?
(Fernanda Barbosa, São Paulo)

3 comentários:

Anônimo disse...

Texto ótimo! Português corretíssimo ( quem foi seu prof.?)e muito inspirado. Me deu uma vontade danada de ver o filme. Ab Vera

Anônimo disse...

Ótimo, Fê!
Zé, vá ver o filme!! Hehe

Confesso que fiquei com o pé atrás com o filme, mas louca para assistir! Me surpreendeu! Gostei muito. Chorei baldes, hehe. Lógico que coloquei alguns defeitos, como o idioma... repare que os figurantes estão falando em espanhol em volta das cenas, por que então não fazer tudo no mesmo idioma? É que americano é preguiçoso e não lê legenda, né? Então menos pessoas assitiriam o filme.
E o tema sempre será atual! Adoro o livro porque explica coisas que pensamos ser complexas, e ao mesmo tempo mostra como são complexas o que julgamos tão simples. E o paralelo entre o sentimento e a doença é perfeito, me identifico em vários momentos. Sempre me pego ainda com desordens do amor que se parecem com os sintomas do cólera, hehe.
"não tinha pretensões em amar e ser amada, só queria algo que fosse como o amor mas sem os problemas do amor"

Anônimo disse...

Nossa esse comentario foi perfeito descreve perfeitamente o filme ...
Parabenssssssssss