domingo, 4 de novembro de 2007
Fusca
O carro mais vendido de todos os tempos. O primeiro carro popular, talvez o único (bem diferente dos caros veículos 1.0 de hoje). O carro mais simpático e amado da história, quase um ser vivo para seus donos.
Quem nunca teve um talvez não entenda a saudade que nos dá quando vemos um por aí e lembramos da bravura e resistência do bicho. Porque um fusca raramente nos deixava na mão.
Os motivos da paixão transcendem o pouco conforto, tecnologia obsoleta, motor mais poluente e a baixa velocidade alcançada por ele (em comparação aos carros evoluídos). Deve ter algo a ver com suas formas arredondadas – os “quilinhos a mais” de um típico gordão simpático - e com aquele capô sorridente de amigão bochechudo sempre no maior astral.
Nenhum outro carro teve tão claramente um rosto humano no capô. Por isso aquele desenho animado, do fusca Wilie - que buzinava quando estava feliz e precisava enfrentar um bando de motocas invejosas – nos cativava tanto. E dá para esquecer o inesquecível Herbie dos cinemas, o 007 dos fusquinhas?
E o que dizer daquela direção grande e levantada, com jeito de buzão? E aquela caçamba depois do banco de trás que fazia caber o impossível: mais gente! E aquele tradicionalíssimo modelo de cor vinho?
O fusca sempre foi tão mágico que conseguiu ser o único ato digno do facínora Adolf Hitler. Ele encomendou um carro popular (para 4 pessoas, veloz e com preço accessível) para o brilhante projetista austríaco, Ferdinand Porsche, em 1933. O protótipo ficou pronto em 1935 e logo foi um sucesso. Nasceu assim o primeiro fusca, o Volkswagen (nome alemão para “carro do povo”).
Em 1959 o fusca começou a ser produzido por aqui nos anos JK e apaixonou o Brasil.
A evolução tecnológica (e o objetivo da Volkswagen de abrir espaço para o Gol) sabotariam o amado fusquinha de motor 1300 cc e seu irmão caçula valentão, o fuscão de 1500 ou 1600 cc. Em 1986 o carro pára de ser produzido no Brasil e logo no mundo todo (só durou mais no México). Assim tentaram matar o mais humano dos carros que sobrevive, no entanto, em cada garagem que bate um coração saudosista e talvez mais carinhoso, em relação a quem só espera desempenho (e paga caro por isso). Pobre mundo ultra-moderno...
* O fusca teve uma sobrevida no Brasil ao ser produzido de novo entre 1993 e 96 por ordem do presidente Itamar Franco, apaixonado por ele e pela ex-namorada e melhor amiga, Lisle Lucena, que tinha um fusquinha verde que ela amava e não vendia de jeito nenhum.
* A canção “Fuscão Preto”, de Almir Rogério, foi um dos maiores sucessos populares no Brasil e inspirou o filme de mesmo nome, com Xuxa no elenco.
* Texto publicado na revista Venice, na seção Clássicos. Só que lá não tinha esse clip irado que coloco abaixo do desenho do fusquinha Wilie, sensacional!
(ZÉ AUGUSTO DE AGUIAR)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Oi Zé, a Fê me passou o link do seu blog. Que saudade dos seus textos! Agora vou tentar acompanhá-los! Grande texto sobre o Fusca! Meu pai tem um até hoje e eu quero ter um também (talvez o dele, risos).
Beijo!
Postar um comentário