domingo, 4 de novembro de 2007

O verdadeiro amor é todo dia

















Futebol americano. Quando famosos e arrogantes astros abandonam o time em busca de "merecidos" salários milionários, é a vez dos substitutos entrarem em campo. Porque o grande campeonato da vida não pode parar.
Os novos jogadores chegam desacreditados, desvalorizados. O desafio é constante. Só os melhores podem vencer. Eles são talentosos. Jogadores amadores. Da vida.
Belos guerreiros se entregam ao sonho. União, garra e vontade impulsionam. A equipe se consolida, se fortalece no mesmo ideal. Time feito com o pulsar de um só coração. Luta, obstinação. Verdadeiras lições de vida. Intensa e poderosa como a mais bela jogada do futebol-arte que resiste ao tempo da superficialidade, descrença e incompreensão. [sobre o filme Virando o jogo, com Keanu Reeves, 2001].

Numa sala de aula, nossos professores-heróis são os grandes responsáveis pela vitória do time, composto de pequenas, mas brilhantes estrelas. Eles apontam o caminho. Mostram que é possível vencer. São eles que começam a construção da estrada de nossas vidas.
Algumas aulas são difíceis de acompanhar. É preciso percepção, atenção. As aulas parecem cenas de teatro. O professor-artista, no palco e na vida, interpreta, canta, recita versos. Emociona, se emociona. Mas, poucos conseguem alcançar, se deixar envolver. Poucos compreendem as jogadas feitas com o coração.
O professor acredita, se entrega... Dá aulas para ninguém. O futebol-arte perde a força. As palavras se tornam um pranto, que ecoa, sem ninguém prestar atenção.
"Jovens, não vou pedir para me ouvirem. Não vou pedir que façam os exercícios, ou leiam os livros que vão cair no vestibular. Não vou pedir que estudem. Nem vou pedir que alguém me respeite. Vai de cada um... E, quando digo que não sou professor, quero dizer que ensinar é uma ilusão. Os senhores nunca aprenderão nada, se não estiverem dispostos. Os senhores serão apenas o que quiserem ser" (Valfrides, o professor-artista, no dia em que os alunos fizeram piquenique no fundo da sala, no colégio Liceu Santa Cruz, 2001).
[POR THAÍNA PARMA]

2 comentários:

Anônimo disse...

Vc recordou um fato que esquecemos: o ensino é uma arte. Triste é saber que assim como a maioria dos artistas o trabalho dos professores é subestimado, desvalorizado e por vezes a humilhação é única manifestação que eles recebem da sociedade. Isso e um salário vergonhoso.

Mas, dos raros, dos bons, dos artistas-professores como vc diz, a gente nunca esquece. Acho q eles só continuam por isso. Por saber q conseguem (ainda) atingir alguém.

Anônimo disse...

Thaína, eu estudei no Liceu, mas não na mesma sala do que vc. Tive aula com o Valfrides mas era muito imatura na época e acho que eu não soube compreendê-lo. Quem dera ter toda esta percepção naquela época!